Acusação explora crueldade
do assassinato de Eliza
MP e assistentes de acusação
conseguem reforçar para os jurados a ideia de que a jovem foi assassinada.
Delegada detalhou o momento da execução
Depois de um primeiro dia de
julgamento controlado pelos advogados de defesa, Ministério Público e
assistentes de acusação conseguiram, nesta terça-feira, reforçar para os
jurados a versão de que Eliza Samudio foi morta em um crime bárbaro. E a defesa
do goleiro Bruno e
demais réus acusados pelo crime viu minguar seu principal objetivo no júri: o
de aproveitar que o corpo nunca foi encontrado para negar a existência do
crime. “Foi um dia de vitórias para a acusação, com a confirmação de
depoimentos e relatos contundentes das três testemunhas ouvidas em plenário”,
avaliou Cidnei Karpinski, assistente de acusação que representa o pai de Eliza
Samudio.
O inferno pessoal do goleiro Bruno tem três degraus no momento: a pior e
mais pesada pena virá caso os jurados considerem que sim, Eliza foi assassinada,
e que sim, foi ele o mandante; uma hipótese um pouco mais amena seria a de o
júri confirmar que houve o crime, mas considerar que o ex-amante, pai do menino
Bruninho, apesar de ser o principal interessado no sumiço, nada sabia, ou não
teve responsabilidade no homicídio; o desfecho mais improvável, e mais positivo
para todos os réus, seria o de simplesmente concluir que não houve crime. Para
este último resultado, é vital manter acesa a dúvida, ainda que para isso os
advogados de defesa tenham que confundir o júri, ou simplesmente atordoar os
sete selecionados que vão decidir o futuro dos réus.
Ao longo da sessão
desta terça-feira no Fórum de Contagem, a acusação conseguiu avanços, depois de
um primeiro dia controlado pela defesa. O primeiro deles foi a decisão da juíza
Marixa Fabiane Rodrigues, de multar os advogados Ércio Quaresma, Zanone de
Oliveira Júnior e Fernando Costa Oliveira Magalhães, integrantes da equipe de
Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Os três abandonaram o plenário do júri no
primeiro dia. Cada um terá de pagar 18.660 reais, pela atitude
"injustificada que não encontra respaldo legal" e "causa grande
prejuízo ao estado". Marixa sinalizou, assim, que as manobras não serão
toleradas.
A primeira testemunha
ouvida no segundo dia de júri foi João Batista Alves Guimarães. O depoimento
foi rápido, e serviu ao objetivo da acusação de afirmar que o ex-motorista de
Bruno, Cleiton Gonçalves, não sofreu coação quando depôs, à Polícia Civil,
contando que ouviu dos amigos de Bruno que “Eliza já era”. Na véspera, os
advogados de defesa tentaram deixar a impressão de que Cleiton, frequentemente
envolvido em bebedeiras, não teria condição de fazer relatos fiéis ao que diz
ter presenciado ou ouvido.
Em seguida, foi a vez
do interrogatório à delegada Ana Maria Santos, que relembrou detalhes da
investigação e o depoimento de Jorge Luiz Lisboa Rosa, primo do goleiro, que
era menor de idade em 2010. O promotor Henry Wagner fez deste período uma
espécie de “depoimento indireto” de Jorge Luiz: leu trechos do depoimento do
rapaz e perguntou à delegada como ela e o interrogado sentiam-se naquele
instante. "O menor contou que Macarrão amarrou as mãos de Eliza e a
chutou. Depois, Bola deu uma gravata nela. Nesse momento, em que Eliza era
apertada, ela foi arregalando os olhos, que foram ficando vermelhos, cor de
sangue, e a língua foi indo para fora. Saiu espuma da boca. Ela caiu no chão e,
depois de poucos movimentos, parou", relatou Ana Maria. Macarrão, nesse
momento, chegou a chorar, dizendo que a delegada mentia.
A terceira testemunha
do dia – quarta, desde o início do julgamento – foi Jaílson Alves de Oliveira,
detento que diz ter ouvido uma confissão de Marcos Aparecido dos Santos, o
Bola, sobre o assassinato de Eliza. O depoimento também foi positivo para a acusação.
Jaílson disse ter sido ameaçado por Bruno, e chegou a apontar o dedo para o
goleiro, desafiando-o a desmenti-lo. Bruno afirmou não conhecer a testemunha.
Diante do júri, o embate mais importante é exatamente sobre a existência
ou não do crime. As mudanças ocorridas no grupo de advogados, nesta
terça-feira, acabaram prejudicando o empenho dos defensores para convencer o
júri de que Eliza está viva. A manobra do dia, operada pelo próprio Bruno, com
orientação dos advogados, tentou repetir o resultado obtido na véspera por
Ércio Quaresma, que defende o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.
Na segunda-feira, Quaresma e seus assistentes fingiram abandonar o caso para
obrigar a juíza Marixa Fabiane Rodrigues a desmembrar o processo, o que significa
julgar separadamente o processo a que responde o ex-policial. Bruno tentou
fazer o mesmo: nos primeiros minutos da sessão, destituiu seu principal
defensor, Rui Pimenta. Pediu, então, um prazo para escolher novo advogado.
Diante da negativa da juíza, tentou destituir seu outro defensor, Francisco
Simim, com a alegação de que, sendo ele o único defensor de Dayanne Souza
(ex-mulher do goleiro), ela poderia ser prejudicada. Neste momento, falou mais
alto a experiência do promotor Henry Wagner e da própria juíza: o MP pediu o
desmembramento do processo de Dayanne, e a presidente do júri imediatamente
atendeu o pleito.
A substituição de peças na defesa de Bruno criou uma situação que poderá
ser explorada pela acusação: dois dos defensores que passaram pelo grupo já
admitiram, com conhecimento do processo, que Eliza Samudio foi assassinada. O
primeiro foi o próprio Pimenta, que em entrevista a VEJA afirmou que Eliza
Samudio foi assassinada, mas que seu cliente (Bruno) não tinha responsabilidade
sobre essa ação. O segundo, apresentado no início da tarde, foi Tiago Lenoir
Moreira, que na segunda-feira, pelo Twitter, sugeriu que Bruno e Macarrão
deveriam confessar o crime e, assim, tentar responder por crime culposo (sem
intenção). Escreveu Lenoir: “Bruno e Macarrão deveriam confessar o crime de
homicídio e negar a ocultação de cadáver e sequestro. Daí pega (sic) 6 anos e
volta a jogar bola”.
O comentário no microblog foi apagado. Mas dificilmente a mudança de
opinião de Lenoir vai passar em branco diante dos jurados. Formalmente, ele só
fala pelos réus a partir do momento que é assume o caso. Mas, como ele próprio
admitiu, por trabalhar com o advogado Francisco Simim – que passou a comandar a
defesa de Bruno – teve acesso aos mais de 60 volumes e as mais de 15.000 páginas
do processo de sequestro e morte de Eliza Samudio.
Quarta-feira – A primeira expectativa para a quarta-feira será a de uma decisão
de Marixa Fabiane Rodrigues sobre um pedido do Ministério Público para eliminar
seis testemunhas que foram flagradas usando celulares no hotel onde estão
hospedadas – elas deveriam estar incomunicáveis. Duas das testemunhas são o
caseiro Elenílson Vítor, que viu Eliza no sítio do goleiro Bruno, e a mãe da
jovem, Sônia de Fátima Moura – testemunha de acusação e de defesa.
A eliminação das testemunhas pode ser uma vitória momentânea para a
acusação. Mas é pouco provável que todas sejam eliminadas. Caso a juíza decida
tirar do processo seis pessoas que podem ser usadas pela defesa, os advogados
de Bruno podem alegar que há cerceamento de liberdade, algo que pode, em última
instância, anular o júri.
Julgamento do goleiro Bruno - 2º dia
Acompanhe em tempo real os principais
acontecimentos do segundo dia de júri em MG
1. 18h56: O promotor
Henry Castro comenta a aposta de Lenoir: "Se de fato fez essa aposta,
certamente o advogado vai passar por um longo coma alcoólico". O defensor
do goleiro, por sua vez, se apressa em corrigir a afirmação, dizendo que,
agora, investe no contrário. "Bruno será absolvido. Aí, vou ficar em coma
alcoólico sim, mas de alegria, numa grande comemoração pela absolvição do
Bruno", declara.
1. 18h55: As
declarações do novo advogado de Bruno seguem repercutindo. Além de sugerir a
confissão de Bruno e Macarrão, Tiago Lenoir havia apostado na
condenação do seu agora cliente. "O Bruno será condenado a mais de
38 anos. Aposto uma caixa de cerveja", escreveu, em post publicado no
fim da tarde de segunda-feira (reprodução acima).
2. 18h53: Na saída do
plenário, o promotor Henry Castro avalia como importante o depoimento do detento
Jaílson Alves. A intenção, segundo ele, era "mostrar o elo de Bruno,
Macarrão e Cleiton, e a ligação deles
com o narcotráfico em Minas Gerais e também no Rio de Janeiro.
3. 18h51: Uma
das testemunhas flagradas com celular é Elenílson Vitor da Silva, caseiro do
sítio de Bruno. Ele foi visto conversando com alguém no telefone. Diante
disso, a polícia militar fez uma busca entre todos os demais e encontrou mais
cinco aparelhos - que foram apreendidos. O promotor pediu a impugnação do
depoimento das seis pessoas. Elenílson não é apenas testemunhas, ele é também
co-réu e também será julgado pelo envolvimento no desaparecimento de Eliza
Samudio.
4. 18h50: Juíza
encerra o terceiro de julgamento do Caso Bruno. Ela vai anunciar
amanhã o destino das testemunhas flagradas com celular. A sessão será retomada
nesta quarta-feira, às 9 horas.
5. 18h20: A juíza
Marixa Fabiane vai decidir ainda hoje sobre o encaminhamento dado às
testemunhas flagradas com celular. A defesa tem, ao todo, 25 pessoas
convocadas, que deveriam começar a ser ouvidas a partir de amanhã. As seis que
correm o risco de impugnação não tiveram os nomes revelados ainda. A
magistrada faz uma pausa na sessão.
1. 18h10: Agora
é Ingrid Calheiros quem tem a oportunidade de se aproximar de Bruno. Ela o
abraça e beija. Ele fala algo em seu ouvido.
2. 18h06: A avó
de Macarrão pede à juíza para dar um abraço no neto. Marixa autoriza
e o réu chora.
3. 18h05: O promotor
Henry Castro afirma à juíza que seis testemunhas de defesa foram
flagradas com celular no hotel em que deveriam estar
incomunicáveis. Ele pede que a magistrada impugne os
depoimentos destas pessoas e as mantenham retidas até amanhã de
manhã. Está sendo lavrado um boletim relatando o fato.
4. 17h40: Bruno
e Macarrão se falam pela primeira vez no plenário. Fernanda também conversa
com o amigo do goleiro. Sentados lado a lado desde ontem, os réus
ainda não tinham trocado nenhuma palavra durante o júri.
5. 17h35: Jaílson
diz que fez aniversário ontem. A juíza dá os parabéns: "Muitos anos
de vida. É o mesmo que eu desejo para mim".
O detento já revelou o plano de Bola de matar a
magistrada na casa dela.
1. 17h32: O
defensor do goleiro, que no dia anterior chegou a sugerir no
Twitter uma confissão do goleiro e de Macarrão, checa o celular a
todo momento durante o interrogatório. A juíza o repreende: "O
senhor precisa mesmo do celular para fazer as perguntas à
testemunha?" "É que esqueci meu tablet",
responde, arrancando risos da plateia.
2. 17h29: O novo advogado
de Bruno, Tiago Lenoir, faz sua primeira participação no julgamento, perguntando
para Jaílson Alves.
3. 17h23: Bruno
balança a cabeça em sinal de negativo e sorri. Fernanda, visivelmente
abalada durante todo o dia, olha assustada para o goleiro.
4. 17h22: Jaílson
diz que Bruno financiava o tráfico de drogas em Ribeirão das Neves. O
detento conta que tomou conhecimento disso por meio de Macarrão e
Cleiton.
1. 17h06: Macarrão
reage irritado diante da declaração de Jaílson: "Absurdo!", disse aos
advogados. "Nem conheço esse cara."
2. 17h05: O detento
diz que conhece Macarrão e afirma que o amigo de Bruno é
chefe do tráfico de drogas em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de
Belo Horizonte. Diz que conhece, também, Cleiton (ex-motorista
de Bruno) desde 2009, do regime semi-aberto. E, antes disso, já conhecia a
mãe dele. "Cleiton vendia droga para Macarrão. Essa coisa que ele
dirigia carro para Macarrão era caô. Ele dirigia os carros de
Bruno, mas não era motorista."
3. 16h58: Jaílson
Alves disse que viu com Bola uma reportagem dizendo que a polícia
buscava o corpo de Eliza Samudio em uma lagoa. E comentou com o colega de
cela: "Imagina se acharem o corpo na Lagoa? Você está
perdido". Segundo ele, Bola respondeu: "Só se os peixes
falarem".
4. 16h56:
O detento não tinha visto que Bruno estava no plenário,
e comentou: "Se ele estivesse aqui, eu falava na cara
dele". A juíza: "Ele está ali", apontando para o banco dos
réus. Jaílson aponta o dedo em direção ao goleiro, questionando: "Ameaçou
ou não ameaçou?". Bruno é rápido na resposta: "Nem te conheço,
parceiro".
5. 16h55: Jaílson
Alves conta que foi ameaçado por Bruno, no último dia 13, durante um banho
de sol na entrada da enfermaria. "Ele me disse: 'O que é
seu está guardado. Você não sabe onde está se metendo. Seus dias estão
contados'."
6. 16h54: O
detento afirma à juíza foi ameaçado por um policial no dia em
que participou de uma acareação com Bola, no Departamento de
Operações Especiais (Doesp).
1. 16h44: O detento da
Penitenciária Nelson Hungria - a mesma onde hoje estão presos Bruno e Macarrão
- confirmou ainda que Bola teria encomendado a morte da juíza Marixa Fabiane.
Ela seria assassinada em casa, declara.
2. 16h40: Jaílson confirma o
depoimento no qual disse ter ouvido o ex-policial Bola contar que matou Eliza
Samudio.
3. 15h55: É chamada
a quarta testemunha de acusação: Jaílson Alves de
Oliveira, detento que diz ter ouvido uma confissão de Marcos
Aparecido dos Santos, o Bola.
4. 15h50: Sobre as
declarações de seu colega Tiago Lenoir, Francisco Simim declara:
"Ontem ele disse isso, mas hoje ele está no processo. Todo mundo tem suas
opiniões. Ontem ele tinha essa opinião, hoje ele esta na nossa equipe".
1. 15h49: Na noite de
ontem, Tiago Lenoir comentava pelo Twitter o julgamento
do goleiro, quando disse que a defesa só falava "asneiras"
e sugeriu uma confissão dos réus. "O Bruno e Macarrão deveriam
confessar o crime de homicídio e negar a ocultação de cadáver e sequestro.
Dai pega 6 anos e volta a jogar bola", escreveu, em post publicado às
20h24 - e que já foi apagado (reprodução acima).
2. 15h48: Simim
garante que vai manter a tese da defesa de que não houve crime. "Volto
a afirmar: Eliza não está morta. Não há provas sobre esse crime. Ninguém viu o
corpo ou ela ser assassinada." O novo advogado de Bruno, porém,
não confirma que seguirá nesta linha: "Vamos analisar. Vou conversar
agora com o doutor Simim e ver o que é melhor para a
defesa".
3. 15h47: Como já
trabalha há alguns anos com Francisco Simim, Moreira diz que já havia
estudado os mais de 60 volumes e as mais de 15.000 páginas do processo sobre o
sequestro e a morte de Eliza Samudio.
1. 15h46: Chamado por
Francisco Simim para ajudar na defesa de Bruno, o advogado Tiago Lenoir
Moreira (foto acima), professor de direito da
PUC-Minas, está no Fórum de Contagem para acompanhar o júri. "Nosso
trabalho será feito com ética, respeitando todas as pessoas envolvidas no processo",
afirma.
2. 15h45: Recomeça
o julgamento do goleiro Bruno, Macarrão e Fernanda.
3. 14h20: A juíza
encerra o depoimento da delegada e interrompe o julgamento por uma hora,
para o almoço.
4. 14h14: No
banco dos réus, Macarrão repassa perguntas para Frederico Franco, o advogado de
defesa que agora interroga a delegada Ana Maria.
5. 13h46: Questionada
pelo advogado de Macarrão, Leonardo Diniz, a delegada lembra de ter encontrado,
no sítio de Bruno, "material compatível com os bens da vítima, após serem
queimados". Ela se refere à mala de Eliza e fotografias dela e
Bruninho.
6. 13h30: Ana
Maria diz que, durante as investigações, Dayanne revelou
já sido agredida por Bruno - e também agredido o goleiro com quem foi
casada. "Dayanne disse que Bruno era bom pai, mas marido infiel, dado a
traições e baladas. Já tinha se envolvido com ele em agressões mútuas."
7. 13h16: Francisco
Simim, advogado de Bruno, pergunta por que Zezé - que
apresentou Bola a Macarrão - não foi investigado. "É um policial
civil aposentado e, portanto, afastado de suas funções. O nome dele é José
Lauriano de Assis Filho. Ele foi investigado e ouvido em depoimento",
responde a delegada.
1. 13h11: Jorge chegou
em Minas, levado por autoridades judiciais do Rio de Janeiro. No trevo da
BR-040, em Nova Lima, os investigadores da Polícia Civil encontraram com a
equipe e seguiram com o menor para a casa de Bola, em Vespasiano. No caminho, o
menor reconheceu o trajeto e orientou os policiais. Assim que se
aproximou do imóvel, aterrorizado, o primo de Bruno urinou nas
calças. Jorge, hoje maior de idade, é protegido pela Justiça e não vai depor no
julgamento.
2. 13h10: Conforme Ana
Maria, 24 horas depois de ter ouvido o menor, ela retornou ao Centro
de Internação Provisório (Ceip), em BH, onde o adolescente ficou acautelado,
para dar continuidade ao depoimento. Porém, o rapaz não quis falar mais nada.
Ele foi orientado pelos familiares e pelo advogado Eliezer a só se pronunciar somente em
juízo.
3. 12h55: A
delegada é categórica ao confirmar confiança no depoimento de Jorge Luiz.
"Sem duvida nenhuma, o depoimento do menor, com a riqueza de detalhes, com
a emoção com que ele se expressou, passou muita credibilidade. Atingiu a mim e a
minha escrivã."
4. 12h51: Bola
tinha um saco em mãos, onde parecia estar o corpo. "O
executor, então, pegou uma mão humana de dentro do saco e atirou para os cães.
O menor disse que a lembrança da figura daquele senhor o deixava bastante
atordoado", relatou a delegada.
5. 12h50: Depois
que Eliza foi morta, Macarrão e Sérgio, o outro primo de Bruno, ficaram
assustados, contou o menor. "O executor (Bola) pediu que eles
aguardassem e saiu levando o corpo. Depois, voltou e disse que, dali por
diante, não se preocupassem porque ele daria um fim ao corpo."
6. 12h47: Macarrão
começa a chorar e diz novamente: "mentira".
7. 12h46: Ana
Maria detalha a morte de Eliza, segundo o depoimento do primo de
Bruno: "O menor contou que Macarrão amarrou as mãos de Eliza e a
chutou. Depois, Bola deu uma gravata nela. Nesse momento, em que Eliza era
apertada, ela foi arregalando os olhos, que foram ficando vermelhos, cor de
sangue, e a língua foi indo para fora. Saiu espuma da boca. Ela caiu no chão e,
depois de poucos movimentos, parou".
1. 12h45: Macarrão se
mostra contrariado com o depoimento de Ana Maria sobre a morte de Eliza.
Balançando a cabeça negativamente, ele repete: "Mentira,
mentira".
2. 12h44: A delegada
diz que Bola teria se identificado para Eliza como policial e dito a ela
que deveria ficar tranquila. Ainda baseada no depoimento do menor, Ana Maria
acrescenta que Macarrão disse à jovem que Bola a levaria para o
apartamento que ela moraria com o bebê. Na verdade, Eliza seria
morta. "No depoimento, Jorge Luiz ficava visivelmente alterado
emocionalmente. Em um momento, ele contou que tinha dificuldade de falar
daquilo. E perguntou se podia segurar na minha mão. Disse, ainda, que aquelas
lembranças é que impediam que ele dormisse".
3. 12h37: O
primo de Bruno também falou sobre o dia em que Eliza Samudio teria sido morta,
continua a delegada. Conforme ela, Macarrão contatou um homem
chamado Bola - apontado como o assassino da jovem. "Ao chegar na casa
dele, o veículo foi estacionado dentro da garagem. Macarrão saiu do carro e
teve uma conversa reservada com Bola. Em seguida, determinou que todos
saíssem do carro e ali se deu a execução de Eliza Samudio, enquanto Sérgio tinha
nas mãos o bebê."
1. 12h28: Ainda
sobre o depoimento de Jorge Luiz, a delegada diz que o então menor falou
por um longo período e "se esforçou para dar o máximo de
detalhes". Houve uma pausa para almoço, lanche e descanso.
"Depois do almoço, ele pediu um intervalo para cochilar." De acordo
com a declaração de Ana Maria, o jovem não foi coagido em nenhum momento.
2. 12h20: A
delegada afirma que, ao chegar em Minas, Jorge Luiz foi imediatamente
apresentado à Vara da Infância e da Juventude. "Perante
o juiz, o menor contou que auxiliou no sequestro de Eliza e seu bebê, e
informou que dentro do veículo ele a agrediu. Contou para onde ela foi trazida
e, depois, como se deu a execução, a morte dela. E também o que teria ocorrido
com os restos mortais dela."
3. 12h: Ana Maria
declara que Bruno e Jorge Luiz Lisboa Rosa (menor de idade na
época do crime) foram criados pela mesma pessoa: Estela, avó do
goleiro. Ameaçado por traficantes, o então adolescente passou a morar
na casa do primo. "Ele tinha pego uma certa quantidade de drogas e não
conseguiu vender", explica ela.
4. 11h51: A
primeira pessoa a quem Bruninho teria sido entregue seria
Júlia, então mulher de Cleiton (o ex-motorista que depôs
ontem). "A criança estava no sitio e, diante da notícia que chegou à
delegacia, foi entregue à Júlia pela Dayanne na BR-040", afirma a
delegada. "Mas o senhor Cleiton teria dito à mulher que aquela
criança daria problema, era confusão." Então, o menino, que na
época era chamado de Yuri, foi levado para outra casa.
5. 11h50: "A
delegacia procurava a criança e queria confirmar se a vítima havia sido morta.
Dayanne telefonou e disse que a imprensa do Rio de Janeiro dizia que Eliza
estava morta, mas Dayanne afirmava que ela estava viva",
conta Ana Maria Santos. Coxinha confirmou a existência de uma criança
e se dispôs a levar os policiais até a casa onde ela estava, alegando
que não queria problema com a polícia.
4. 11h34: Ana
Maria segue seu depoimento, recordando as buscas feitas pelo menino
Bruninho. Segundo ela, a polícia localizou um condomínio,
onde encontraram um caseiro, José Roberto. Foi ele quem disse que
havia uma criança na casa, que era filho do o goleiro Bruno com
uma mulher que estava no sítio dele. "Após a conversa com o caseiro,
outra pessoa se identificou como funcionário e deu informações contraditórias
ao que havia sido dito." Diante do impasse, todos foram conduzidos à
delegacia.
5. 11h30: Para o
assistente de acusação José Arteiro Cavalcante de Lima, Francisco Simim pode
ficar numa situação complicada no julgamento agora que só defende Bruno. Isso
porque o advogado já representava Bruno, mas havia se preparado mais para
defender Dayanne - que só tinha ele como representante enquanto Bruno também
contava com Rui Pimenta. Lima critica a nova tentativa de desmembramento
do processo. "A defesa mostra que não quer fazer o júri e a saída que
encontraram é essa."
6. 11h25: Ana
Maria Santos conta que recebeu a informação de que uma
pessoa identificada como Eliza Samudio teria sido espancada e morta no dia 24
de junho de 2010. "Uma ligação para a delegacia informou que houve
espancamento e assassinato. Na ligação, já foi dito o nome da vítima. No dia
seguinte, uma ligação reforçou a notícia através do Disque-Denúncia",
detalha a delegada. No mesmo telefonema, a pessoa informava que a
vítima tinha um relacionamento com o goleiro do Flamengo e que havia uma
criança, já apontada como filha do casal.
1. 11h20: Fernanda é consolada pela advogada Carla
Silene. A ex-namorada de Bruno está mais abalada do que ontem e já
chorou compulsivamente mais de uma vez. Macarrão, sentado ao lado
dela, está imóvel, sem olhar para os lados.
7. 11h16: A terceira testemunha de acusação é chamada: Ana Maria Santos (à direita na foto acima), delegada que participou das
investigações do Caso Bruno.
8. 11h05: Mesmo
havendo contradição entre os depoimentos de Cleiton Gonçalves e João
Batista Alves Guimarães, a promotoria
dispensa acareação entre os dois. O
ex-motorista, que até agora estava retido pela Justiça, é liberado.
9. 10h56: João
Batista Alves Guimarães nega que Cleiton tenha sofrido pressão
psicológica durante seu depoimento na delegacia em 2010. O ex-motorista de
Bruno disse que ficou algemado por muitas horas. Mas Batista afirma que ele
estava "com as mãos livres, sem algemas, bem à vontade". O advogado
também diz que Cleiton estava sóbrio quando foi interrogado. "Não
houve ameaça ou sugestão. A delegada foi muito tranquila e educada."
10.
10h55: Dayanne deixa o Fórum de Contagem pelos fundos. Dizendo estar
passando muito mal, ela se recusa a falar com a imprensa e vai embora sozinha,
de táxi.
11.
10h47: Mesmo fora do júri, Pimenta volta a defender sua tese de que
Eliza Samudio está viva. "Acredito que ele não tenha matado ela. Quando
dei entrevista para a VEJA, em junho, ainda não tinha lido o processo inteiro.
Li mais 5.000 páginas e formei a convicção de que não houve crime." À
revista, ele havia afirmado ter certeza de que a jovem estava morta.
12.
10h46: Rui Pimenta nega que essa manobra faça parte de uma
estratégia orquestrada por Ércio Quaresma, que abandonou o júri na
segunda-feira, forçando o desmembramento do caso de seu cliente, o ex-policial
Bola. "Não posso dizer que foi estratégia, foi uma opção pessoal dele
(Bruno). Estou torcendo para que dê tudo certo para ele", declara o
advogado que, de postura reta e cabeça erguida, tentava
disfarçar a humilhação. "Não guardo mágoa dele. Quem é do mar não
enjoa." Ele continua responsável pelo processo de habeas-corpus
de Bruno.
13.
10h45: Do lado de fora do plenário, o advogado Rui Pimenta diz que
aceitou a decisão de Bruno sem questionar. Ele foi destituído da defesa do
goleiro antes do início efetivo deste segundo dia
de julgamento. "O Bruno mudou de estratégia. Tenho que cumprir o
desejo do meu cliente, mas foi uma surpresa."
14.
10h42: Começa o depoimento
da segunda testemunha de acusação: João Batista Alves Guimarães,
advogado que acompanhou o depoimento de Cleiton Gonçalves na
delegacia em 2010. O ex-motorista de Bruno está retido desde ontem para uma
acareação com Batista.
15.
10h41: A juíza nega o
pedido de destituição de Francisco Simim, que passa a ser o único defensor de
Bruno. Simim admite que a defesa tentou adiar o julgamento do goleiro.
"Foi uma estratégia conjunta para tentar desmembrar o Bruno também, mas a
juíza está usando mão de ferro e não conseguimos fazer isso."
16.
10h40: Dayanne deixa o
plenário. Agora, estão no banco dos réus somente Bruno, Macarrão e Fernanda.
17.
10h31: Sentada ao lado de Macarrão no banco dos réus, Fernanda também
chora.
18.
10h30: A juíza desmembra o julgamento mais uma vez. Dayanne é dispensada e será julgada em outra data juntamente com Bola, liberado deste
júri na segunda-feira. "A senhora está liberada",
anuncia Marixa. A ex-mulher de Bruno ainda chora.
19.
10h23: O advogado Francisco Simim diz que não tem
condições de defender Bruno sozinho. O goleiro, que agora é
considerado indefeso, sorri no plenário. Dayanne chora.
20.
10h21: O promotor pede que o julgamento de Dayanne seja desmembrado - e não o de Bruno. Assim, Francisco Simim pode representar só o
goleiro, que está preso. A juíza acata a solicitação e pede que o advogado
deixe a defesa da ex-mulher do goleiro, que responde o processo em liberdade.
21.
10h19: Bruno destitui também
Francisco Simim. A juíza argumenta: "Não entendi por que o
senhor está destituindo o doutor Simim. Claramente tentando
desmembrar o julgamento". Para a juíza, o goleiro está tentando
articular uma manobra semelhante à do advogado do ex-policial Bola, que
conseguiu que seu cliente - considerado indefeso - seja julgado
separadamente, dentro de 10 dias. Bruno diz que tomou a decisão
para não prejudicar a defesa de Dayanne, que também é representada pelo
advogado.
22.
10h15: Rui Pimenta deixa o plenário.
23.
10h13: Bruno passa a ser
defendido por Francisco Simim, que já integrava a equipe de Rui
Pimenta e também representa Dayanne. Carla Silene disse à juíza que não teria
condições de defender o goleiro.
24.
10h12: O advogado Rui Pimenta cumprimenta a promotoria e a juíza. Bruno
diz: "Peço desculpa a todos, por estar me sentindo inseguro, estou
destituindo doutor Rui". O goleiro pediu um prazo para escolher outro
advogado. Marixa negou: "Mas o senhor está sendo defendido, senhor
Bruno". Ela se refere ao fato de que ele abriu mão apenas de um advogado e
não de toda a equipe. Se ganhasse o prazo, ele poderia ter o julgamento
adiado.
25.
10h10: Rui Pimenta volta ao plenário sem a toga - que o identifica como
advogado do réu no julgamento. Ele conversa com os demais advogados de defesa
do goleiro e com a juíza.
26.
10h09: Bruno volta ao plenário e vai anunciar sua decisão.
27.
10h06: Bruno decide destituir seu advogado Rui Pimenta.
O criminalista Luíz Flávio Gomes, um dos mais experientes e renomados do país,
diz que nunca viu um réu destituir sua defesa no plenário. O goleiro ainda não
voltou ao plenário.
28.
9h58: Dayanne, Macarrão e Fernanda aguardam em silêncio o
retorno de Bruno e advogados. O momento é de tensão no plenário. Fernanda
lê a bíblia.
29.
9h55: A advogada Carla Silene, que defende Fernanda, volta ao
plenário e pede mais 10 minutos à juíza. O advogado de Bruno,
Rui Pimenta, também é chamado para a conversa. Não se sabe
o motivo da reunião, mas o atraso de 52 minutos de seu principal defensor deixou
o acusado visivelmente contrariado.
1.
FONTE: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/acusacao-explora-crueldade-do-assassinato-de-eliza-samudio
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